Entre pais, filhos e professores…

 

Educar pela conquista
Educar pela conquista

“Educação é conflito”, alguém já disse isso. Aos pais e às mães não cabe o direito de não querer educar, de evitar o conflito.

Cada dia eu estou mais convencida da desafiadora tarefa que recebem aqueles que se permitem a paternidade e a maternidade. Colocar um ser no mundo é assumir responsabilidades maiores para com o mundo e assumir de uma vez por todas que ser pai e mãe é também deixar de ser filho.

Aquela antiga dependência que ligava você a seus genitores deve acabar porque agora você desceu do topo de sua pirâmide familiar e passou a atuar na base de sustentação de sua própria pirâmide. Enquanto você estava lá no topo da pirâmide que seus pais construíram para você, você desfrutava do prazer da irresponsabilidade, do ir e vir tranqüilo, do dar as costas sem dizer por que, das longas viagens quase sem voltas, dos namoros relâmpagos, nas noites afora, ou simplesmente do colocar a cabeça no travesseiro e dormir tranqüilo. Enquanto você é só filho você está dormindo em berço esplêndido.

Estar no topo da pirâmide é escolha sua. Estar lá e olhar para baixo também é escolha sua. Seus pais podem precisar de você, assim como você conta com eles para desfrutar da visão do topo. No entanto, como nos jogos de quadrado mágico, as posições podem mudar. Você pode sair do topo para então se tornar base de uma pirâmide. Daí então, você abdica de seu reino e passa a fazer parte da sustentação daquilo que deverá se constituir em uma família, em qualquer molde que o queira (dos mais tradicionais, aos blended modelos da modernidade). Você deixará de ser filho e seus pais deixarão de ser pais.

Cada um que é sabe das dores e das alegrias de ser pai e mãe. Ser mãe é tornar-se linda no sentido pleno desta palavra. É tornar-se mulher no sentido mais divino que essa palavra pode carregar; é assumir o compromisso diário de educar. Ser pai também é divino e lindo e tem uma dose tão pesada e dolorida quanto à da mãe no sacrifício diário de educar.

Voltemos então à questão da educação. Educar é dizer não e discutir razões. Educar é dizer sim e explicar concessões. Para as famílias em células esta é uma conquista diária e que deve ser realizada de mãos dadas. Para as famílias em bloco (as de pais separados, mortos, ou esquecidos) esta é também uma conquista diária, mas realizada individualmente (e é mais difícil trabalhar individualmente para conseguir os mesmos resultados). Para pais e mães separados educar os filhos é como passar manteiga no pão usando uma só mão. É possível, mas há de haver um esforço maior. É como quem, por acidente, perde um braço ou perna. Por muito tempo, alguns por toda a vida, sentem a falta do membro invisível porque o espaço que sobra é sempre notável. Mas como disse, é perfeitamente possível com um pouquinho mais de esforço e flexibilidade.

Na conflituosa tarefa de educar entram também participantes especiais. Eu sou um deles. Sei que atuo especialmente na educação de muitas crianças que chegam até mim através da escola. Faço questão de conhecer cada uma delas, os pais, suas histórias familiares; para de alguma forma atuar como educadora no pouco tempo que tenho com eles.

Tenho observado que muitos pais querem se comportar como filhos ainda depois de terem passado à base da pirâmide. Esses cometem crimes psicológicos com seus filhos às vezes. Entram em competição com os filhos ou deixam de notar coisas importantíssimas nas necessidades de seus filhos. Em contra partida, ha pais que assumem de fato tal tarefa e tentam agir com maturidade e sabedoria na educação de seus filhos.

Tentar se livrar da educação de seu filho colocando-o na escola por tempo integral, ou ainda colocando-o em um quarto com TV, DVD, vídeo game, computador, vai te acumular tarefas para o futuro, quando ele precisará do que hoje você não se permitiu dar a ele: seu tempo, amor, carinho, atenção e maturidade. Lembre-se de que uma pirâmide não se sustenta sem uma boa base.

Garantia de êxito ninguém tem, mas não se deve evitar a educação, formal e informal. Educação, você querendo ou não, vem de berço, vem de casa. O que o professor faz na escola é colaborar com o que você já tem feito em casa. Portanto, faça!

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